An interview with Tanja Beer during the Prague Quadriennial of Performance Design and Space 2023. We talked about Ecocenography, creating living stages and designs for theatre and performance and the issues around ecological thinking applied to performance design….
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An Interview with Jon McKenzie during the Prague Quadriennial of Performance Design and Space 2023. Jon McKenzie is a performance theorist, media maker, and transdisciplinary researcher and teacher at Cornell University….
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An interview with Andrea Carr during during the Prague Quadriennial of Performance Design and Space 2023. We talked about eco-cenography, sustainable theatre practices and advocating for an ecological future practice in performance design….
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“Transcrever: Ações Participativas nos Bairros Sociais de Braga”
Seminário de Investigação Teatral Licenciatura em Teatro, Universidade do Minho
M
Foste coordenador do projecto Transcrever: Ações Participativas nos Bairros Sociais de Braga, e fazes parte de um grupo que se chama Space Transcribers. Os Space Transcribers não são um coletivo, mas, acho que posso argumentar que, vocês criam coletivos temporários, ou coletivos efémeros e é sobre esse conceito que podemos enquadrar a nossa conversa. Particularmente neste projecto “Transcrever”, coletividades efémeras em bairros sociais de Braga. Como é que é trabalhar com estes coletivos, como é trabalhar com estas pessoas e a relação de mediador, que surge no papel do artista, ao ser convidado pela câmara municipal a trabalhar em Bairros Sociais?
F
Eu concordo em pleno contigo, nunca tinha pensado dessa forma, de vermos que criamos coletividades efémeras. Na realidade, nós começamos como um grupo de pessoas, e gostamos de nos definir mais como uma organização sem fins lucrativos, mais que um coletivo. Porque um coletivo, na minha definição, requer que todos tenhamos uma causa comum. E acho que o que acontece é que muitas vezes até há [choques] de causas distintas. Claro que há um denominador comum, evidentemente. Mas nós já começámos este processo já em 2015. Nessa altura éramos um grupo de pessoas, mas muitas vezes há pessoas que ao longo do tempo, que se envolvem mais nos projectos, outras querem sair, é sempre um processo muito volátil. Isto só para fazer o esclarecimento quanto à denominação daquilo que nós somos.
E efetivamente, eu e o Daniel que somos os co-fundadores, e ainda somos quem prevalece nesta organização. E depois nos projectos que nos vão aparecendo, nós vamos convidando pessoas (…) Portanto é muito interessante isso que estavas a dizer de coletividades efémeras, porque muitas vezes é isso que acontece. O último projecto que nós fizemos foi o “Acusticidade” encomendado pelo Circuito do Gnration, que é um programa educativo, e fizemos uma parceria com um artista sonoro do Porto.
Voltando à pergunta sobre os bairros sociais, o Transcrever que foi o nosso grande projecto, o projecto já foi em 2017. Na altura, surgiu através de um convite, sim, da Câmara Municipal de Braga, que veio perante um financiamento para a regeneração de três bairros sociais de Braga: o bairro de Santa Tecla, das Enguardas e do Picoto. Estes bairros têm uma maioria de comunidade cigana. No picoto é quase 98%, nas Enguardas e Santa Tecla entre 40 a 60%, uma prevalência grande. O que a câmara nos pediu na altura, isto inicialmente deveria ter sido a acompanhar o próprio projecto de regeneração de arquitetura. Mas isto são sempre processos muito complexos, às vezes as pessoas que estão de fora não têm noção, porque são processos que estão dependentes de fundo europeus. Ou seja, muitas vezes os timings são todos descoordenados. E quando surgiu este financiamento, que era para fazer um trabalho de auscultação dos três bairros, era no fundo fazer um estado da arte dos três bairros, de perceber como é que as pessoas estão a viver, quais são os problemas, quais seriam os anseios e os desejos daquela população para o futuro dos seus bairros, etc. Evidentemente isto deveria ser feito antes da implementação do projecto de arquitetura. Ou seja, nós quando tivemos este convite, que era um convite especulativo, porque estávamos a candidatar-nos a um projecto de fundos europeus, que depois iria agregar-se a um projecto financiado pela câmara para esta renovação… o projecto já estava feito, pela BragaHabit, que é a empresa municipal que detém e que faz o management, a manutenção, material e imaterial, destes três bairros.
E na altura o nosso desafio foi logo: como é que nós podemos montar um projecto que tenha por um lado, esta vertente de diagnostico muito teórica, mas por outro lado queríamos ir além das metodologias usadas nas ciências sociais, como os inquéritos, não tendo nada contra os inquéritos. Mas nós como somos arquitetos e nos interessava uma aproximação multidisciplinar pensámos que podíamos fazer metodologias mais artísticas como métodos de auscultação. E orientamos o trabalho em duas componentes teórica e prática. Por um lado, fizemos muito trabalho de arquivo, ou seja, ir à BragaHabit, e perceber de onde é que as pessoas que estavam lá nos bairros atualmente tinham vindo, dos antigos bairros da cidade, fazer um trabalho de mapeamento. Ler também muito sobre a cultura cigana, que eu sabia muitíssimo pouco, e fazer quase um estado de literatura sobre esse âmbito. Por outro lado, depois desenvolvemos uma série de workshops artísticos, e aí na altura tínhamos um grupo grande com pessoas de distintas valências, ou seja, fizemos workshops de fotografia com os miúdos do bairro, de captação de som, de captação de histórias de género. Depois tivemos um workshop internacional, que nós chamamos Summer School, que também foi prática, na altura tivemos pessoas de 10 ou 15 nacionalidades distintas para trabalhar nestes três bairros, e os três bairros tinham problemáticas muito específicas. Mas o importante foi como tu disseste, fazer um trabalho de mediação, porque havia uma ausência de diálogo muito grande entre as entidades que gerem estes bairros. Ou seja, entre as próprias comunidades, entre o entendimento deste projecto de regeneração urbana dos três bairros, entre a BragaHabit, e o município de Braga. O que eu acho que foi bastante positivo, foi que o município que fez esta encomenda nos deu bastante liberdade de fazermos um trabalho que era altamente crítico ao próprio município. Foi uma escolha nossa, de nos mantermos críticos a todo o processo.
M
É interessante a forma como o trabalho que tu decides que vai ser artístico, que propões e a metodologia, é trabalhar coletivamente nestes três bairros. E o que vocês fazem, o tipo de trabalho, agarrar em câmaras fotográficas, telemóveis, gravadores de áudio, e outros dispositivos de arquivo, de um arquivo presente, de uma leitura do real de hoje. E esse processo crítico de mapear, com esse trabalho crítico, com essa abordagem antirracista, e a abordagem de mapear a história da cidade também. Vemos imagens dos bairros antigos, da construção dos bairros atuais, o desaparecimento daquele mundo, que era um mundo e um tempo diferente, com tempos mais longos, com a arquitetura mais lenta, as casas e os espaços sociais justapostos com a ocupação real dos espaços que estas comunidades “ciganas” ou “Roma” faziam. E além da intervenção da câmara municipal, (…) e da forma como a sociedade atua l é preconceituosa para com as comunidades ciganas, o preconceito, a guetização… E vocês ajudam também a desconstruir o racismo, a ideia dos “traficantes de droga”, através do estudo que há um contexto de marginalização, de desagregação sócio-espacial.
E depois, como é que as pessoas vivem nestes espaços, e quando elas fotografam e arquivam estes espaços e uma pessoa qualquer pode ver este tipo de trabalho sobre o real, estes materiais de arquivismo, que é um contexto de pobreza e de pobreza extrema muitas vezes, como vocês referem, de marginalização, de guetização, e depois o típo de símbolos que aparecem, nos grafitis, nas formas como estacionam as bicicletas à porta de casa, como vivem com os outros animais, como toda a gente. É muito interessante o material artístico que surge.
E gostaria de saber aquilo que vocês aprenderam e puderam observar deste material artístico desenvovido em coletivo com estas comunidades, que tendo as ferramentas e a mediação crítica artística, passam a ter mais meios de expressão artística.
F
Este trabalho coletivo, foi de longa duração, resiliência e exaustão também. Foi um processo muito pessoal, de desconstrução de estigmas que eu próprio tinha, relativamente ao que é um bairro social, visto como um lugar perigoso, marginal, etc. E os bairros têm essas problemáticas. Mas quando tu vais todos os dias para um bairro, vais começar a ver que o bairro não é só isso.
O bairro é feito de múltiplas pessoas, algumas sim, associadas a atividades ilícitas como o tráfico de droga, mas depois tens pessoas formidáveis de conhecer. Mas quando trabalhas num bairro social, o mais difícil e desafiante é seres aceite no bairro. E eu e o Daniel durante um ano fomos praticamente todos os dias para o bairro fazer trabalho de campo, estar com as associações existentes. Por exemplo, no bairro de Santa Tecla, na altura não existia associação de moradores. Depois de irmos para lá um dos legados do projecto, foi que as pessoas conseguiram constituir uma associação de moradores, o que é incrível. Mas nós, antes andávamos com a cruz vermelha, a Geração Tecla, que já fazia um trabalho de mediação. Fomos muitas vezes para lá, tentar falar com alguns moradores. Mas nos três bairros, porque os três tinham as suas especificidades, foi um processo muito difícil, muito dependente da nossa resiliência de irmos para lá, sempre. O trabalho de conhecermos as associações ou instituições que trabalhavam nos bairros, mas também houve uma parte independente, de irmos nós falar com as pessoas.
E a chave foi termos começado a fazer estes workshops com as crianças. Porque as crianças não têm preconceitos, querem aprender, fascinam-se, são as primeiras a vir falar contigo, não têm preconceitos. E depois o que é interessante é que, daquilo que aprenderam, ou daquilo que ouviram, vão levar para casa, vão falar com os pais, e vão dizer “olha, hoje apareceu este e este ali, olha eu aprendi isto”. E foi daí que, nas primeiras sessões só vinham as crianças, mas a partir de meio, os pais já começavam a vir. E outra coisa, a própria localização onde fazemos os workshops, tentávamos fazer sempre no espaço público. E era natural virem adultos perguntar quem éramos, o que estávamos a fazer… E era uma pergunta / resposta que acontecia de forma constante ao longo do processo.
Relativamente à pergunta de como é que as pessoas se podem expressar através destas práticas artísticas, foi muito interessante porque houve diferentes níveis de manifestação e de expressão. Por exemplo, num workshop de fotografia, foi interessante a forma como vimos crianças a fotografar elementos. Nós dávamos um script, “fotografa o interior, o local onde te sentes mais confortável, ou onde tens mais medo de estar…” e foi muito interessante porque sem entrar em determinados espaços ou seja, sem invadirmos em pessoa o espaço doméstico por exemplo, e vermos padrões de como aquelas crianças viam o mundo, o mundo do seu bairro. Isso foi uma forma. Outra foi um workshop de construção de maquetas dos bairros, e foi super interessante, principalmente porque havia um bairro que iria passar por um grande processo de regeneração, incluindo o desmantelamento de um dos prédios.
M Qual?
F O Bairro de Santa Tecla. E porque na realidade os adultos também se juntaram nesse processo, que começou pelas crianças, mas depois no final, aquilo ficou mais uma discussão dos próprios adultos. E faziámos sessões em que vinham também intervenientes da BragaHabit para discutir. Ou seja, aí foi mesmo um processo de mediação e discussão. E houve algumas tensões. Mas o interessante é que no final, até hoje, esse bloco de habitação, que havia prvisão de o demolirem, não foi demolido.
E pessoalmente, eu fico contente com isso, porque a forma como o projecto estava, o argumento para a demolição de um dos blocos…
M Era fazer uma estrada, não era?
F Exatamente, não era suficiente.
M Iam demolir para fazer uma estrada a atravessar o centro do bairro, o espaço público do bairro.
F Porque havia o argumento de “abrir” mais o bairro à cidade, para não se formar uma guetização para não fomentar o tráfico de droga. Porque em Santa Tecla isso era algo forte. No entanto isso não era um argumento válido, porque mesmo que tu destruas um bloco, a droga pode continuar a existir, certo? Portanto havia esta ideia de que isso iria resolver um problema, mas na realidade, e ainda bem, eles não destruíram, não desmantelaram. Não sei se o nosso projecto diretamente se associou a isso, mas acho que ajudou. Porque foi um início uma politização dos moradores, uma união dos próprios moradores para olharem de outra forma para o seu bairro, e se unirem para que estes projectos não afetem a sua vida, porque iria ser muito complicado. E eu acho que as maquetas foram uma forma de se expressar todas estas dúvidas que eles tinham relativamente aos projectos de regeneração, como é que seria esta negociação.
Negociação é outra palavra que aparece além da mediação nestes processos. Não é só mediar, é também negociar. Mas cada oficina teve formas distintas de expressão. Algumas foram mais para as crianças outras mais para os adultos. Houve um projeto que era mapear as rotas e a forma como nove mulheres ciganas de diferentes idades, gerações e perspetivas se movimentavam no espaço público dentro e fora do bairro, também foi muito interessante para perceber a posição da mulher não só dentro da comunidade, como com o resto da comunidade Bracarense. Como é que elas se sentem, como vivem, como se deslocam. E aí claramente o modo delas se expressarem foi oral, mas o interessante foi ver como é que nós podemos mapear e refletir sobre essas rotas. Evidentemente, que este projecto é só um diagnóstico. Muito mais trabalho teria que ser feito para dar mais empoderamento a estas mulheres. Quem me dera que este projecto agora continuasse. E foram só nove mulheres, é um caso de estudo com uma amplitude pequena.
M Mas aqui está o trabalho mais forte que me parece que vocês fizeram, com elas. Poruque propõe uma leitura mesmo profunda, tanto da situação como das rotas. O mapa, as rotas domésticas e não só, no espaço público, nos espaços que as pessoas conhecem e habitam, e a ligação com estas mudanças temporais, em que as pessoas saem das habitações informais, como São Gregório, Granjinhos, Fujacal, Lajes, Floresta e Carvalheiras, e muitas delas são enviadas nos anos 70 para os Bairros operários, complexos habitacionais e bairros sociais…
F Isto não aconteceu só em Braga, mas em todo o país. Havia pessoas que estavam, e neste caso, a comunidade cigana, em ocupações informais como barracas, ou ilhas, bairros com muito poucas condições de saneamento ou eletricidade. E nos anos 70, pós 25 de abril, houve uma série de políticas urbanas, de dar melhores condições, direito à habitação, e houve um forte investimento político na habitação social. E daí termos estes três bairros, que seguiam essa ideologia de dar melhores condições às pessoas. Depois, as tipologias que foram aplicadas, do ponto de vista arquitetónico são mais discutíveis. Posso dizer, por exemplo, que no bairro das Enguardas, a maior parte das pessoas viviam numa ilha na Avenida da Liberdade, que já não existe hoje e foram transladadas para o bairro das Enguardas nos anos 70. Em Santa Tecla, muitas pessoas viviam em barracos na zona da Ponte e foram para Santa Tecla. Esses dois bairros, hoje em dia até estão com boas condições, porque têm espaço público, as Enguardas por exemplo, têm um ringue, coisa que se pensarmos atualmente nas novas edificações, nem sequer há espaço público, portanto isto é uma coisa positiva. Mas depois temos um projecto dos finais dos anos 90, que é o caso do complexo do Picoto que é um gueto, e é um cancro por resolver! E está encastrado, está guetizado, por onde entras é por onde sais, está na colina do Picoto. É um projecto mais pequeno, com cerca de 50 habitações. Mas tem graves problemas infra-estruturais de humidade, de acessibilidade. Aliás, tenho quase certeza que as acessibilidades não estão em legalidade. Aquilo, na altura, foi uma negociata que foi feita para resolver o problema das barracas no parque da Ponte e para alojar uma série de pessoas da comunidade cigana, ou Roma.
Só que a questão é que está mesmo com problemas Graves! E dos três bairros foi o que não conseguiu ter uma regeneração. Porque o terreno não é do município. O terreno pertence à igreja. A negociata foi feita na altura, entre a igreja e o município, na altura que o Mesquita Machado era presidente. E o que aconteceu foi que a igreja cedeu os terrenos ao município para construir este bairro. Ainda hoje os terrenos são da Igreja. Legalmente a coisa é tão complexa que por causa disso não foi possível fazer obras de renovação ao bairro, porque o bairro não está legalizado pelo município, ou seja, quem detém este bairro é a Igreja, e não está a ceder o terreno ao município. E por causa disso não foi possível entrar nos fundos de renovação do projecto. Por causa dessa incompatibilidade. Porque para o município se candidatar o terreno tinha que ser do município…
M Mas mesmo que a vontade política não fosse má. Também não parecia ser boa, visto que no outro bairro as pessoas contestaram a intervenção.
F Não podemos entrar em generalismos, porque há sempre pessoas que querem sair dos bairros, e acham que não tem condições, como outras que ninguém as tira daqui. Estás a lidar com questões humanas. Todos estes processos de deslocamento e retirada de pessoas, como no Aleixo no Porto por exemplo… É sempre polémico, e ambas as perspetivas são válidas e legítimas. No caso deste projecto, o mal foi de raiz, porque o terreno devia ter sido comprado e não cedido, para estes problemas não existirem. Ao mesmo tempo, isto é uma opinião muito pessoal, há uma hipocrisia da Igreja, que se implementa pela solidariedade, e não é capaz de vender os terrenos ao município para este caso específico. Que teve uma oportunidade fantástica de ter fundos sociais europeus para renovar o bairro. E isto fez que o bairro só fique degradado. E isto é uma opinião muito pessoal, mas neste momento a melhor coisa a acontecer é demolir o bairro… ou por as pessoas em condições dignas, porque, ninguém tem condições dignas ali, é uma vergonha…
M Ainda há ocupação informal?
F Eu nunca cheguei a lá ir, mas São Gregório, era perto da escola de Maximinos, e acho que ainda são barracos. Muito desses mapas foram muito auxiliados não só por trabalho de arquivo, mas também por conversas de assistentes sociais antigas, que fazem este trabalho de campo desde os anos 70, 80, e que nos ajudaram. Nós tínhamos pouca informação, às vezes só tínhamos fotografias, e perguntávamos “olhe, onde é que acha que é isto”, e elas conseguiam identificar. Também foi um trabalho de respigar memória através das assistentes sociais, que faziam e fazem esse levantamento.
M O que achas que as pessoas querem? No sentido do vosso trabalho de escuta ativa, o que é que as pessoas vêm como futuro, quais são as propostas que foram avançando?
F
Primeiro, as pessoas querem boas condições de habitação. Seja no espaço doméstico e público do bairro, isso é o que mais querem. Primeiro é dar condições de habitabilidade no bairro. Segundo, querem que os bairros deixem de ter este estigma negativo marginal, de que só está associado a drogas e a coisas “más”. Mas isso é um trabalho que temos de fazer politicamente, de abrir o bairro à cidade, e não ter estes preconceitos. E também resolver os problemas que existem lá, de criminalidade. O tráfico de droga é o grande elefante na sala. E que toda a gente evita, mas sabe que está lá. Depois, terceiro, é terem mais oportunidades. Mais apoio para as crianças irem à escola, porque há muita desistência escolar, principalmente na comunidade cigana. E algumas associações locais já fazem um trabalho fantástico. Acho que é isso, eles precisam de mais oportunidades, os mais velhos oportunidades de emprego, e os mais novos de combater a desistência escolar.
Já passaram cinco anos, e sinto que é um projecto ainda muito atual. Continuamos ainda hoje a pedirem-nos apresentações deste projecto em Faculdades aqui em Portugal e fora. É um tema transversal, não é só em Braga. Mas estes temas da Habitação Social e das comunidades ciganas são assuntos urgentes e que têm pano para mangas, e é um trabalho em progresso.
Interview with Enni And Birch about Sweden, the Sami People and Environmental Struggles during the great collapse and ever more real threat of the rise of the right-wing to government.
Hatis Noit speaks after the concert at Jardins Efémeros 2022, in the Cathedral of Viseu.
We listen to excerpts of the songs Himbrimi, Aura and Inori from her debut album “Aura” released in 2022 by Erased Tapes; and we also hear two excerpts of improvisations presented by the artist at the concert, especially the last song of this programme, which is dedicated to the wild fires Hatis saw in Portugal.
Hatis Noit is a Japanese artist living in the UK. All the songs in this record are created using only the artist’s voice. Hatis Noit is an autodidact, inspired by folk music, opera, Gagaku, Bulgarian and Gregorian chanting, but also contemporary music. The songs have no words.
The title “Aura” for the album was inspired by Walter Benjamin, who described Aura as the ‘fundamental essence of art’, which in its original form would only happen once.
The song ‘Aura’, is about a memory of getting lost in a forest near her birthplace Shiretoko, Hokkaido.
“I felt as if I was close to my death, I could feel myself dissolving into and becoming a part of nature rather than just being an individual. This sense of awe and peace found there is always the place where I start making music from”
Hatis Noit
The song ‘Inori’ was created using field recordings of the ocean, only one kilometer away from the nuclear plant in Fukushima, when she was there at a memorial ceremony, which marked the re-opening of the area for locals to return to their homes, after ten years. The song is dedicated to the lives lost during the tsunami, and also to the memories that people have of their hometown.
Transcription:
[“Himbrimi”, from the record Aura by Hatis Noit] [Jardins Efémeros, Viseu Cathedral, field recording] [Opening improvisation by Hatis Noit, excerpt, by Hatis Noit, own recording ]
M: We are speaking with Hatis Noit. It’s very nice to meet you.
Hatis Noit: Nice to meet you too!
M: What is your art about and are you speaking with nature in someway?
Hatis Noit: Yes, sure. When I sing, first I try to connect to… the almost very first memory of mine, which is the nature, from my birth place Hokkaido Shiretoko. It’s a very much natural place, surrounded by wild animals and a big forest. So, I’m always, like, coming back to the original memory of mine is a big inspiration for making my music.
M: So, in someway also speaking like animals, and speaking with animals?
Hatis Noit: Ah! Yes, I wish I could! Not only about animals but also nature, I feel sometimes like being able to communicate with them… I’m not sure if it’s right, or if its actually what they are talking about, but sometimes, yeah, I feel like I understand them, you know? Without using words.
[“Aura”, from the record Aura by Hatis Noit]
M: Maybe it’s too much of a fabulation of mine, but what are you speaking about, if I can ask?
Hatis Noit: Ah, yes, sometimes we are talking about how delicious are those wild berries, wild fruits, or like, how fun is running around the forest… or you know, how sweet to be blown by the wind. Or with trees, you know, like talk with animals, or with insects, or talk with soil, with trees or leaves… anything… sometimes wind…
M: It’s very sweet! And this kind of stories, do you think that through music you are also telling these stories, or re-telling these stories, for other people to access this state of being, or this state of mind? … I think you manage to bring this state of mind to other people. For me, listening to your music is not only very relaxing but it also gets me in the right frequency.
Hatis Noit: Oh, if you feel so, I’m very happy!
M: And for example during the concert there were some bats flying through the church and you could hear them actually! … So… you also learned from the Gregorian chants, and the traditional Bulgarian songs, as well as Japanese chants. How do you think you are furthering those practices in a contemporary way? Are you also building on this tradition?
Hatis Noit: I’ve been inspired by those traditional techniques of voice a lot, and my music is also very much influenced by them. But I actually haven’t had any proper education of them, I didn’t really learn any of those techniques, officially or properly. So in that way I can be more floaty around them. Whatever I found interesting from any way of using voice, I would first mimic them, and like again, again, again, again. And at some point I ended up combining them into a music which is basically the music I really want to listen, you know? Because I’m just a big fan of human voice in general, so any type of vocalization inspires me and excites me so much. So it’s like a journey to explore the ability of the human voice.
[“Inori”, from the record Aura by Hatis Noit]
M: You presented to us an improvisation about the wild fire, that you saw on the way here. We have wildfire seasons here. We have large plantations of eucalyptus which is the Australian tree. And we have the most planted area in Europe of eucalyptus. So this is the cause of those wildfires. In some way, the same as Fukushima was not exactly a natural disaster, it was a human made tragedy too. A couple years ago, more than a hundred people died because of the wildfires here. How is your music a way of healing and caring for the heart_ How do you feel these tensions?
Hatis Noit: My way of seeing this is: human is also a part of nature, I always think so. And from that perspective, possibly I sound a bit cold to say that. But as long as we are a part of nature, we cannot beat nature. Nature is bigger than human beings. But sometimes people behave as if we can control nature, of as if we can change nature or the environment, or as if we can concur nature. But I don’t think so, it’s not possible. In some way, nature will definitely, not beat, but give things back to us. If we do something bad, of course nature would give some back to us, even bigger things. So I don’t really have a single-sighted perspective. But to think about this planet or think about nature, including us. What happens in this world is sort of meant to be. So in a way we have to be always very modest with nature. We cannot control it, and we cannot change it. We have to be aware we are a part of nature, not apart from nature.
M: Thank you so much!
Hatis Noit: Thank you!
[Improvisation for the Wildfire, excerpt, by Hatis Noit, own recording ]
Interview with Hatis Noit, Matéria Prima 16/07/2022, Viseu, Portugal
An interview with Frédérique Aït-Touati about INSIDE, a performance presented at Index Bienal, in Braga, about representation of the feeling of living inside the planetary systems. The performance is part of the “Terrestrial Trilogy”, a series of performances created together with Bruno Latour and performed by Duncan Evennou.
Frédérique Aït-Touati is a historian of sciences and a theater director at her company Zone Critique.
The image is The Soil Map is taken from the book Terra Forma, manuel de cartographies potentielles, by Frédérique Aït-Touati, Alexandra Arènes org Axelle Grégoire, 2019
Falámos com a Jessica Beasley sobre história, representação, filosofia entre outras associações livres. Uma conversa longa através dos oceano para refletir sobre passados históricos, possíveis aberturas para o futuro e o presente do pensamento em Portugal e nos EUA.
Maiti habla sobre sus experiencias en el barrio ocupado de Errekaleor, conocido como Errekaleor Bizirik, en el pais Vasco.
El barrio existe desde 1950’s, destinado a trabajadoras en la época de expansion industrial. Progressivamente fue sendo abandonado por la ciudad e incluso objecto de planes de demolicion.
Las habitantes del barrio fueron amenazadas de despejo por la ciudad de Vitoria, han lutado contra las enpresas de electricidad para conseguir autosuficiencia eletrica e se han organizado mucho para que su comunidad se torne libre de opression e por el apoyo mutuo necessário a mantener el barrio.
La pagina de wiki es muy informativa: https://es.wikipedia.org/wiki/Errekaleor
Foto by Asier Iturralde Sarasola – Own work, CC BY-SA 4.0
Para inaugurar 2022 decidi começar uma nova linha na Matéria Prima, bem ao estilo de uma autocracia autodenominada governo … Um programa de Arte Rádio para as Massas e para o Arroz, sem esquecer as Batatas!
O primeiro programa parte da ideia de Comunismo: desde a Revolução do Haiti, às revoluções de 1851, 1917, e até à Rojava e Chiapas de hoje;
Uma jornada de Arte Rádio, com um governo autocrático vai sempre correr mal: falta-lhe coerência e razão, falta uma linha clara de um partido Comunista, falta-lhe um comité central.
Ainda assim, arrojo-me a pensar que sou uma revolucionária anarca-feminista da Guerra Civil Espanhola, sem saber bem para ounde vamos com isto tudo, mas com imensa vontade de fazer a revolução.
A brincadeira claro está, é que quem está a fotografar esta anarca-femme que eu queria ser é Joseph Stalin, esse fantasma histórico que meteu as armas em Espanha, e as deu aos dois lados. Esse monstrinho que perseguiu milhões (do próprio partido); esse que achava que a revolução (olhem bem), tinha de passar primeiro pelo capitalismo, para só depois chegar ao estado de revolução i.e. ditadura do proletariado… parece que foi mesmo ele, e não os fascistas que destruíram a Catalonia revolucionaria…
Ao mesmo tempo, não posso deixar de evitar uma certa posição crítica relativamente a toda a guerra, mas não necessáriamente contra a revolução ou rebelião, levantamento justo dos povos; a violência divina, de que Walter Benjamin falava;
Claro também que 100 anos não cabem em duas horas, mas duas horas são bastante tempo; mas nada disto é certo, entre fake news e fake olds, I’m just a cyborg, behind the great firewall.
A LAS BARRICADAS! (celebrando os 100 anos de Kronstadt)
We interview Jana Winderen after her performance at GNRation, Braga, to hear of her experience doing field recordings on the Arctic marginal ice zone.
We get to know how she experiences her art and the forms in which she finds ways to tell stories and lend a microphone to often under-represented beings and critters, like planton, whales and other sea dwellers.
“The listener experiences the bloom of plankton, the shifting and crackling sea ice in the Barents Sea around Spitsbergen (towards the North Pole) and the underwater sounds made by bearded seals, migrating species such as humpbacks and orcas, and the sound of hunting seithe and spawning cod. All depend on the spring bloom. Jana Winderen researches the hidden depths with the latest technology; her work reveals the complexity and strangeness of the unseen world beneath. The audio topography of the oceans and the depth of ice crevasses are brought to the surface.” – from Jana Winderen’s Bandcamp
About Jana’s sounds:
About Jana:
“Jana Winderen is an artist who currently lives and works in Norway. Her practice pays particular attention to audio environments and to creatures which are hard for humans to access, both physically and aurally – deep under water, inside ice or in frequency ranges inaudible to the human ear. Her activities include site-specific and spatial audio installations and concerts, which have been exhibited and performed internationally in major institutions and public spaces.” – from Jana’s website
À conversa com as Decibélicas, uma banda punk de raparigas, que nasceu no subsolo Bracarense em 2016. Conversam sobre as origens da banda, o porquê de fazerem música juntas, só delas, entre raparigas. O que acontece quando as mulheres sobem ao palco? As Decibélicas têm-se afirmado como uma das bandas mais interessantes da Galáxia. Falam ainda sobre os maiores fracassos da banda, o contexto nacional e local. Contam também de uma gata que pariu durante um dos concertos delas. As Decibélicas são de momento: Ana Luísa, Nanda, Jad, Inês e Vanessa
Decibélicas são um conjunto musical punk rockexperimental do minho fundado em 2017.
Apresentaram performances nos festivaisMilhões de Festa,Indie Lisboa e naFesta do Sentido da Vida, assim como na galeriaZé dos Bois e nosMaus Hábitos (com Linn da Quebrada), entre muitas outros concertos. Apareceram no documentário “Ela é uma Música”. Fizeram parte do (agora defunto) Colectivo Projéctil, e estão associadas à promotora “Cantigas do Poço”.
“As Decibélicas são um conjunto musical experimentálico constituído por cinco ou mais elementos humanos venusianos diversos que, sem cuidado nem à estética nem à métrica, exploram os meandros da espacialidade musico-temporal do Poço Metafísico Augusto Bimilenar e Muy Singelo de Braga, numa tentativa produtivamente fútil de expressar a sua condição sistémica e/ou emocional. Serão vistas nos locais habituais e são muito simpáticas, mas cuidado!… Algo de inesperado poderá acontecer…”[1]
Nas suas músicas, as Decibélicas abordam questões como as contradições, a vida das mulheres, a opressão de género e de classe, relações afetivas, conflitos ideológicos e prespectivas punk sobre o mundo.A sua música foi descrita como “punk de intervenção feminista”[3] devido à sua abordagem irreverente de temáticas tipicamente associadas com as mulheres, como nas músicas ‘Maria’, ‘Televendas’ ou “Vagina Elétrica”, e que de alguma forma confrontam os públicos, típicamente masculinos do punk rock. Ainda assim, a banda costuma usar termos como “as gajas chatas” para se referirem à banda, apropriando, irónicamente, as possíveis críticas. Além disso, o conteúdo das músicas é por vezes ambíguo e interpretável desde múltiplas perspectivas.
Esta música é marcada por um tom cómico e crítico, referindo-se aos habituais discursos de género adotados pelos opressores, que se armam com a ideia de um “Bem Comum”. É notável a pouca representação das mulheres na cena punk-rock Portuguesa, sendo que as Decibélicas são um exemplo de um discurso alternativo, dentro de um contexto musical e social que se afirma como sendo pela igualdade de género, e mais amplamente, marcada por uma crítica à sociedade (e aos valores dominantes do capitalismo e do patriarcado). A investigadora Paula Guerra refere que a presença de temáticas sexistas e misóginas é inegável na cena rock Portuguesa
A cena punk sustenta, coletivamente e individualmente, significados de resistência, que são afirmados mais pela atitude pessoal e acção política do que através de discursos políticos, tal como são habitualmente concebidos.A música “Maria” parece indicar uma crítica à “feminilidade” consumista, associada com a sociedade moderna, além de uma crítica ao feminismo liberal, que condiciona as mulheres a um jogo de aparências sociais, de “padrões estéticos dominantes”, segundo as espectativas sociais “face à imagem e estética femininas”. A prespectiva das Decibélicas é assim contrastante com a estética dominante.
“(…) as expectativas sociais face à imagem e estética femininas. Assim, a moldagem social do corpo por padrões estéticos dominantes é contrária ao visual feminino punk, pois este contrasta e colide com essa feminilidade. Tal não quer dizer que o visual punk não se tenha moldado à lógica dominante e seja hoje objeto de uma classificação distintiva de sentido positivo, mas nem sempre o foi. Por exemplo, na atualidade, a Patti Smith é uma lembrança que o punk ofereceu às mulheres uma permissão para explorar as barreiras de género, para investigar o seu próprio poder, raiva e agressividade. Ou seja, Patti Smith, com a sua imagem de androginia desafiou a ideia mainstream sobre a feminilidade (Whiteley, 2006), mas foi um processo paulatino. ” [6] – Paula Guerra, et. al. 2017
Ouve as Decibélicas aqui: https://decibelicas.bandcamp.com/
Ouvimos Fome Bruta (Joana Moher), artista sonoplástica e transdiciplinar.
Conversamos sobre as simbioses, a natureza, biomateriais, transdisciplinariedade, os problemas de design da nossa era, como procurar novas relações com es outres seres. Vivemos numa planeta multiespecies e cabe-nos cultivar relações e amores, imaginar criativamente como enfrentar e sanar as feridas do antropos-.
Viver, hoje, é questionar, investigar e relacionar-mo-nos com cada vez mais longas e intricadas redes inter-species, pelas quais somos também responsáveis. Sonic Gardening!
Curiosidade, vontade de aprender e saber fazeres que marcam o pensamento e a prática simbiótica da artista.
Ouvimos as suas músicas das cassetes: SUX, ANOXIC, MATA BICHO, BRUIT IMPULSE, INTIMACY OF VIOLENCE e AS FLORES DÃO-SE AOS PORCXS
Anthi speaks about refugee camps, escapism, new forms of life, recognizing and creating new environments, reforesting, creating healthier environments, embracing and recognizing the other, who comes to us for help in times of unrest.
We talk about changing paradigms and ways of thinking, to not be part of the problems anymore, but try to be part of the solutions, and finding the ways and means to start going in other directions.
Anthi Papadimatou is a greek student of anthropology and is working on a refugee camp in greece. She is also a photographer, and her work can be seen here: @anthi.papadimatou
Moca fala acerca da música experimental após o concerto na “Matinoise” em Braga, organizado pela “Cantigas do Poço“.
Entrevista gravada na “Matinoise” das Cantigas do Poço no Rockstar pub, em Braga.
sobre o seu projecto, “IIOIIIE”:
“IIoIII3, ou, para os leigos, “nome” é um projeto com um número de membros sempre incógnito e sempre aberto, com o geresiano João Martins (Moca) no seu epicentro. Usa instrumentos convencionais e um set de pedais, objetos que estejam à mão, e/ou a simples energia da frustração para atingir níveis ultra-sónicos de ruído capazes de perfurar os nervos dos mais incautos. Sempre do vosso lado, disposto a esvaziar o preenchido e a preencher o vazio, ei-lo.” – Cantigas do Poço
Moca é um ilustrador, pintor e agente cultural. Mestre em Artes Plásticas pela FBAUP, co-fundou os colectivos Praga (Caldas da Rainha), Projéctil (Braga) e a promotora Cantigas do Poço (Braga).
A gente do Barroso está em luta pela defesa do território e do seu modo de vida frente à ameaça da mineração. Desde que nos apercebemos que a empresa Savannah Resources quer aqui fazer uma grande mina a céu aberto, temo-nos organizado e mobilizado para lhe fazer frente. Estamos cada vez mais alerta, comprometidos e conscientes que temos de parar este projeto de destruição. De 14 a 18 de Agosto centenas de pessoas juntaram-se em Covas do Barroso em defesa das serras contra a mineração.
Este resgisto foi feito espontaneamente pela Tua Prima, ouvindo os sons da aldeia, suas habitantes e activistas que se mobilizaram nestes dias.
Djam visita a Matéria Prima para falar de novos começos. Como podemos pensar o mundo na sua multiplicidade, nas suas pluralidades? Como podemos imaginar novos começos, novas formas, novas mitologias? Como podemos pensar o mundo pós colonial? Qual o trabalho dxs artistas na criação de novas prespectivas? E como aprender a amar de novo?
Djam Neguin é dançarino, performer e músico, um artista multifacetado de Cabo Verde. O seu trabalho procura inspirar as pessoas para um futuro melhor. Recentemente lançou o maravilhoso projecto “SÊ KEL K BO Ê”, com Batchart, para sensibilizar para a saúde mental e o suicídio: “a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo”. Organizou Kontornu: Festival Internacional De Danca Contemporânea de Cabo-Verde. Foi bolseiro da Gulbenkian em 2019 com o seu trabalho “Mornatomia”. Criou o video Menos Álcool, Mais Vida para sensibilizar para o excessos de consumo de álcool.
Manuella visita o programa para apresentar “V̶O̶L̶T̶A̶ PRA TUA TERRA: Uma antologia antirracista/antifascista de poetas estrangeirxs em Portugal” da qual é organizadora e curadora.
Falámos de anti-racismo, ocupação espaços, vozes e silenciamentos, territórialidades, doçura, violências e linguagem/ compreensão, para compreender melhor o âmbito da Antologia, que reúne 49 poetas estrangeirxs em Portugal.
Segundo o prefácio de Manuella Bezerra Melo, há mais de 600 mil estrangeirxs em Portugal. E 62% dos Portugueses manifestam racismo. Com estes números entrevemos a dimensão da questão. Séculos de história de violência imperialista e colonial, continuam a marcar tanto “cá” como “lá”. A Antologia V̶O̶L̶T̶A̶ é um passo em frente para o futuro que teremos de construir em conjunto, na abertura de portas e janelas, na ocupação de espaços e reivindicação de direitos, na vontade de construir e fazer avançar a democracia em conjunto.
“Dos mais extremos até o mais subtil preconceito, o estrangeiro em Portugal, está preso nesse labirinto na companhia de insultos e desdém, de pré-julgamentos quanto à sua idoneidade que nascem exclusivamente por serem quem são, dos estereótipos que ajudam a manter a hierarquia da superioridade colonial; homens brasileiros são violentos ou malandros, mulheres brasileiras são prostitutas ou vulgares, pretos são pretos, oras, deviam existir para servir e não mais que isso, para os ciganos, sapos na porta para espantá-los, latinos são um braço europeu, uma extensão do corpo, ou seja lá de onde você venha, você não deveria ter vindo, não deveria estar aqui, mas já que está, agora vai aprender a falar português corretamente, porque afinal o que falas é outra coisa, uma coisa errada. E podes até mesmo ter doutoramento em letras e literatura, segues a ser um colonizado analfabeto e ignorante para qualquer português, mesmo que ele nem tenha completado o quarto ano primário. “
“Bruno, cuja ancestralidade da Guiné estava cravada, era , curiosamente, português, nascido e criado em Chelas, morto em Moscavide enquanto o mandavam VOLTAR. Perguntamos, portanto, angustiadamente, a que terra devemos voltar? Em que terra deveríamos estar que não aquela onde estamos agora? A quem pertencem estas terras todas? Os que nos mandam voltar à nossa terra serão os mesmos que um dia a ocuparam violentamente?“
– Manuella Bezerra Melo, prefácio «V̶O̶L̶T̶A̶ PRA TUA TERRA: Uma antologia antirracista/antifascista de poetas estrangeirxs em Portugal», org.: manuella bezerra de melo e wladimir vaz, Urutau, 2021
A Antologia será lançada dia 8 de Maio 2021, no Porto.
Manuella Bezerra de Melo é curadora e organizadora da antologia VOLTA para tua terra junto ao editor Wladimir Vaz. Autora de Pés Pequenos pra Tanto Corpo (Urutau, 2019), Pra que roam os cães nessa hecatombe (Macabéa, 2020), ambos de poesia, e de A Fenda, seu primeiro livro de ensaio, no prelo pela editora Zouk. É jornalista especialista em literatura brasileira e interculturalidade, mestre em Teoria da Literatura e Literaturas Lusófonas e, atualmente, doutoranda no Programa de Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas na Universidade do Minho, em Portugal, onde vive desde 2017.
Ângela Polícia junta-se à Matéria Prima para uma conversa íntima sobre aquilo que faz, seu trabalho, paixões, experiências recentes e historiografias pessoais, a experiência da viagem e da migração, do voo, para cima e para baixo, imergir e emergir.
Ao longo da conversa fomos criando intimidade, imaginando presentes e tempos e lugares conhecidos e desconhecidos. As experiências da/o artista como artista e ser poético, as suas vivências pessoais e coletivas, comunitárias e familiares. Como são os artistas? Porque é a cultura desprezada, e a vida da/o artista tão dificultada? Porque não temos mais um ministério da cultura? Como podem xs artistas emergir desta crise que arrasou comunidades e coletividades? Como podemos labutar para ter voz?
Além disso, o que é a nossa cultura afinal, o que, ou quem, a faz? Como podemos criar em conjunto o nosso futuro? Portugal e xs portuguesxs e seus costumes, politicamente corretos: racistas, machistas e homofóbicos? Quem é marginal? Como navegamos as margens? A cultura, a genética, são “muitas mãos” de muitas gerações e importa questionarmo-nos, falar e debater a cultura, a arte, a sociedade e a humanidade e as suas questões se queremos continuar a sonhar.
Acerca de Ângela Polícia: “Ângela Polícia é uma manifestação de intervenção social e espirros emocionais. Numa fusão de vários estilos musicais urbanos como hip-hop, dub ou punk, Â.P. aborda temas variados como consciencialização, injustiça, violência, depressão, união, rotina, boémia ou sobrevivência. Não é preciso esconder as armas e o material que este Polícia está do nosso lado.”
“Sem dúvida que o Tao que pode ser nomeado não é o verdadeiro Tao.”
O Oscar visita a Matéria Prima para uma verdadeira epopeia filosófica, um diálogo curtinho de 4 horas sobre tudo aquilo que é humano, sobre a filosofia oriental e ocidental, sobre o Tao, as problemáticas do pensamento, a energia e electricidade de que somos feites, os problemas da violência e predadorismo, ação e reação, movimentos humanos e não humanos e a terra na sua qualidade de habitat, habitação e esfera pública de todes xs seres.
É como se Sócrates e Chuang Tse se encontrassem à sombra de uma àrvore…
“Todo o meu trabalho criativo que está associado à noção de que o Tao nomeado não é o verdadeiro Tao, está expresso em texto e imagem na página OdicforceSounds como também no site associado. O lado puramente sonoro associado a esta expressão encontra-se no Bandcamp e é de download gratuito, acrescentando um 0 (Zero) no pedido de um valor para o download das “músicas” em questão.”
Para celebrar o dia 8 de Março, Marta Calejo junta-se à Matéria Prima para uma hora de conversa sobre os feminismos. Falamos de activismo, interseccionalidade, sobre o que é ser feminista e como podemos participar e criar novos mundos feministas, democráticos e anti-capitalistas. Quais as alternativas ao “velho regime” machista? Que novos caminhos podemos traçar? Quem nos pode ajudar?
No próximo dia 8 de Março celebra-se o Dia Internacional das Mulheres.
Esta data (e o movimento) inciados em 1909, em Nova Yorke, e proposto em 1910 na Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, como um “dia especial das mulheres”, foi popularizado desde a Revolução Russa, e é hoje celebrado em todo o Planeta, 112 anos depois. Mulheres como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai foram nomes importantes desta luta. Em 1938, Dolores Ibárruri liderou a marcha das mulheres de 8 de março, em Madrid, durante a guerra civil espanhola. Foi Dolores quem cunhou o termo “No Passarán”, termo que é até hoje, o símbolo da luta contra o fascismo.
Marta Calejo é Activista, Designer e Pintora. Trabalha com a UMAR (União Mulheres Alternativa e Resposta) e a Rede Internacional Feminista, e participou no projecto Feminismos Sobre Rodas. É também artista experimental, tendo realizado o projecto “Drawing as cartographer of everyday life spaces“, onde cartografou os movimentos dentro da sua casa, criando uma “hiper narrativa do dia-a-dia dentro de casa”. As suas pinturas podem também ser vistas nas ruas de Braga, como o caso da pintura “A Liberdade é Uma Luta Constante”, na freguesia de São Vicente, que inspirou o desenho deste podcast.
We spoke with Matalascallando, a peruvian bedroom artist that could be a bot, living in Porto.
We speak with Bruno aka Matalascallando about life of artists under lockdown, making art, coping mechanisms during pandemics and many other funny and strange science friccions.
Bruno is a Peruvian artist living in Porto and makes music after a carrer in advertising.
Nueva Sociedad reports that “The ongoing protests and political turmoil in Peru have exposed a deep divide in Peruvian society.” Peru is undergoing turmoil, just like the rest of the world. How does an artist relate to society?
In conversation with Bruno we discover his ideas, views and artistic plans for the next year, very strange times indeed.
Em 2017 Portugal é eleito como o “Melhor Destino do Mundo”, em 2019, 27 Milhões de turistas passaram por cá. Como entender estes números? Para que serve o turismo?
O Zé discorre sobre o turismo, a cultura de massas, os efeitos positivos e negativos do turista. E como podemos olhar de outra maneira para a prática da hospitalidade.
“É queres ou não queres… É tipo o Pingo Doce e o Pescador: o Pescador é pobre, abaixo de pobreza…”
Neste episódio a Mafalda relata-nos a sua experiência nas comunicações, a corrupção e as amizades que deixam uma pessoa sem net, sem aquecimento em casa, graças aos preços mais altos da Europa.
A Mafalda é a co-inventora do programa rádio Matéria Prima.